FATOR DE CORREÇÃO DE VELOCIDADE – FV.
O VILÃO DAS MEDIÇÕES PITOMÉTRICAS.
A medição
de vazão de água pela pitometria, no que tange a seus erros ou incertezas, corrigimo-los por meio das
correções físicas de natureza estática e dinâmica, introduzindo ou inserindo na fórmula de vazão
ou equação da continuidade, sete correções básicas, hoje implementadas. As
correções fazem parte da estrutura interna do programa MDHidro. Tais correções,
hoje complementam aquelas antes usadas na pitometria tradicional.
Equação da continuidade;
A área é uma grandeza física
estática, mensurável, portanto, ela
entra no sistema de cálculo da medição de vazão de forma exata. A
velocidade, por sua vez, é uma grandeza física, dinâmica, medida e calculada de
maneira indireta por uma fórmula matemática, ou seja, a equação de Bernoulli,
onde o resultado do cálculo fica sujeito a uma série de correções de natureza
física dinâmica, constituindo desta forma, o grande vilão da incerteza da
medição. Assim sendo, toda atenção nas correções deve ser conduzida de forma a
minimizar a incerteza dos resultados.
Das sete correções que vamos
inserir na fórmula acima estudaremos doravante, apenas uma delas nesse artigo.
As demais serão analisadas uma a uma em artigos futuros, sucessivos e
específicos.
O fator que vamos analisar a
partir de agora é o Fator de Correção de Velocidade, FV. Este fator é o
responsável pelo maior dos percentuais de erro no cálculo da vazão.
A velocidade fluídica passante
numa tubulação é determinada ou medida indiretamente por meio de tubo de Pitot,
que é o nosso elemento primário da medição.
A equação padrão de velocidade
originária da equação geral de Bernoulli, diz que:
onde:
V = velocidade fluídica (m/s)
K= constante de descarga do
tubo de Pitot. Seu valor é 0,865 (valor default), para uma velocidade de ± 2,0
m/s.
g = aceleração da gravidade
local.
1000 = transformação de mmCA
para mCA.
O diferencial gerado resultado do impacto frontal do vetor velocidade com a ponta do tubo de Pitot Cole,
transforma a energia cinética pontual em energia de pressão, ilustração “A” da
figura 2. Essa energia se soma à pressão reinante do lado a montante do tubo de
Pitot, em detrimento do lado oposto a jusante que, teoricamente, permaneceria
na mesma pressão a montante, gerando então o diferencial entre as duas
extremidades dos tips. Quanto maior a velocidade maior o diferencial.
Por motivo de padronização e,
obviamente para se obter maior sensibilidade do sistema primário da medição
(tubo de Pitot), ele é sempre instalado fixo no centro da tubulação onde se tem
a maior velocidade fluídica passante.
Na figura abaixo temos os 3
tipos de perfil de velocidade a ser analisados os quais são encontrados em
tubulações de água com escoamento.
Fig. 1
No perfil “C” da figura 1,
observamos uma caracterização de velocidade igual em todos os pontos ao longo
do diâmetro da tubulação. Esses módulos vetoriais de velocidades iguais entre
si e formando um retângulo, é o que caracteriza aquilo que chamamos de perfil
ideal de velocidade fluídica. Na hipótese de trabalharmos com esse caso
particular de perfil, bastaria introduzir o tubo de Pitot em qualquer ponto, ao
longo do diâmetro da tubulação, mediríamos a velocidade de uma das flechas ou
vetores, obtendo-se, por conseguinte, a vazão pela equação da continuidade.
Esse tipo de perfil de velocidade é teórico e ideal, portanto, na prática, ele
jamais ocorre, pois o fluído água é real, apresentando viscosidade e atrito
entre as suas moléculas e, entre essas e a respectiva parede do tubo,
comportando-se nesse caso de maneira real e não ideal. Por outro lado, a tubulação
também é real, tendo rugosidade ou aspereza em suas paredes internas, o que vai
originar atrito ou resistência ao escoamento. Portanto, a tubulação não é
ideal. Assim sendo, o perfil ideal visto em “C” na figura 1 será aquele que
vamos procurar encontrar ou dele nos aproximar durante os cálculos de
transformação de um perfil real, de qualquer escoamento, para um perfil ideal,
o qual seria, doravante, a nossa velocidade média Vm procurada.
O perfil “A” da figura 1 é um
perfil real de formato parabólico onde as velocidades vetoriais são muito
baixas e o fluido escoa tranqüila. Esse perfil é chamado de perfil laminar. Ele
é por certo encontrado ou observado nos fluídos em escoamento lento ou quase
parando. Sua forma característica se deve a sua viscosidade e a conseguinte
adesão às paredes internas do tubo. A viscosidade, portanto, é a responsável
pela adesão e resistência à ruptura intermolecular do fluído, o qual escoa de
forma laminar sem agitação. Ainda devido a resistência oferecida pelas paredes
ásperas da tubulação, o fluido apresentará seu formato característico, chamado
de perfil parabólico laminar, conforme ilustração “A” da figura 1. Todavia,
calculando a área desse perfil parabólico laminar e transformando-o numa figura
retangular de mesma área como o retângulo da ilustração “C”, chegaremos a
conclusão que o maior comprimento da flecha ou do módulo vetorial da ilustração
“A” será duas vezes maior que o comprimento da flecha ou módulo vetorial do
retângulo da ilustração “C” da figura 1. Assim sendo, podemos afirmar que a
velocidade média Vm de uma
curva parabólica ou perfil laminar é igual a sua velocidade central
dividida por dois, ou seja,
Na prática, nem sempre um
perfil parabólico laminar levantado é igual ao perfil laminar parabólico
teórico, assim como, para o perfil parabólico turbulento. É sempre desejável
medir e traçar o perfil no ponto da medição para o cálculo real do fator de
correção de velocidade, FV.
Velocidade média, portanto, é
um número calculado que tem unidade, ou seja, metro por segundo. Na procura de um
número ou fator sem unidade, definiu-se o FV como sendo a relação entre
velocidade média Vm sobre a velocidade central Vc, ou
seja:
Portanto, FV é o fator numérico
absoluto da correção de velocidade.
A partir do momento que se
fornece mais e mais energia ao fluído, na forma de velocidade, a adesão entre
as moléculas ou partículas fluídicas se rompem por uma espécie de cisalhamento
entre elas. As lâminas fluídicas que se escoavam tranqüilas e aderentes umas
nas outras, se agitam, fazendo com que as moléculas ou partículas passem a
girar de maneira desordenada ou em torno de si mesma ou de seu próprio eixo,
formando o que conhecemos por turbulência.
A parede interna da tubulação
devido a sua rugosidade continua a oferecer resistência na forma de atrito ao
escoamento, retendo as laterais do fluído, caracterizando a curvatura típica,
como a que foi apresentada no regime laminar. Assim sendo, observamos no fluído
no regime de escoamento turbulento um novo perfil de velocidade que tem a forma
“B” da figura 1.
A forma “A” da figura 1, só
aparece ou é observada, em escoamento onde a velocidade do fluído é muito
baixa, a partir de zero até mais ou menos 0,03 m/s, o que nos dá um número de
Reynolds de zero até mais ou menos 4000. Daí para cima o regime de escoamento
passa a ser turbulento, portanto, para escoamento com o número de Reynolds
superior a 4000 até ao infinito o regime é único e bem definido, chamado de
turbulento.
Daqui para frente, vamos
considerar e analisar apenas o formato “B”da figura 1, chamado de perfil de
escoamento turbulento.
Considerando o perfil “B”,
definido como perfil de escoamento turbulento, agora mostrado na figura 2, pode-se
observar que a cada ponto do diâmetro da tubulação encontramos uma determinada
velocidade.
|
fig. 2
Quanto mais caminharmos para o
centro da tubulação as velocidades ou comprimento vetorial das mesmas tende a
ficar iguais, achatando-se. Na prática, o perfil turbulento da figura 2, só é
encontrado quando a tubulação é nova, portanto, com baixa incrustaçao ou em
tubulações de materiais menos suscetíveis à formação de incrustação interna. Um
trecho reto antes e depois do ponto de medição se faz necessário, visando a
qualidade dos resultados.
Todavia, se tivéssemos uma
tubulação sem qualquer rugosidade, ou seja, uma tubulação ideal, escoando o
fluído real, no caso água, a curva de velocidade se comportaria como uma curva
de forma retangular, de perfil ideal. Com esse raciocínio podemos concluir que,
quanto mais rugosidade na tubulação, mais comprido será o perfil parabólico.
Fatos como esse se verifica na prática, porém, as vezes de maneira assimétrica,
porque a rugosidade acontece irregularmente, maior na parte superior que na
inferior da tubulação. Esse fato é explicável pela condição de pequenas
partículas sólidas, transportadas pelo fluído, causando erosão na parte
inferior da tubulação em detrimento da parte superior.
O que vamos fazer a seguir é
assegurar uma metodologia ou processo de cálculo para transformar o perfil real
levantado, em um perfil ideal, ou seja, aquele perfil C da figura 1.
A figura 2
mostra-nos ainda uma curva parabólica com achatamento no centro, caracterizando
um perfil turbulento real e seu equivalente retangular de mesma área.


Na teoria, já dissemos anteriormente que
para o perfil
turbulento, ou seja,
. Portanto, 0,833 é um
fator teórico “default” sugerido para tubulação a partir de ±90 a 120
mm de diâmetro. Abaixo desse diâmetro
o valor teórico de 0,833, cresce até atingir o valor próximo de1,0 como mostrado na figura 3. Esse fato é
facilmente entendido, pois, quanto mais tendemos o diâmetro para zero, no
limite, a própria velocidade central tenderá a ser a própria velocidade média
.
Da mesma forma , quando o
diâmetro da tubulação cresce, digamos, para efeito de análise, para o infinito,
a velocidade média também tende para o valor 1,0. Este fato, também facilmente
explicável, pois os módulos vetoriais das velocidades no centro do perfil, para
tubulações de grandes diâmetros tendem para uma reta, ou seja, se igualam à
medida que se afastam mais e mais da superfície interna do tubo.
As figura 4 e 5 nos dão uma idéia de como seria este postulado.
Necessário se faz investigar com maior criticidade, a partir de qual diâmetro
esse fato é mais marcante. A nossa sugestão, pela observação em campo, é que o
FV começa a crescer, subindo de valor, a partir de seu “default”, (0,833), para
diâmetros maiores que 120mm, assim como para diâmetros abaixo de 90 mm.
a prática das medições pitométricas o
que se faz é levantar o perfil, medindo vários pontos de velocidade
eqüidistantes, ao longo do diâmetro da tubulação, quanto mais pontos melhor.
Todavia, padronizaram-se para efeitos práticos que esses pontos sejam em número
de 10 mais o
ponto central, ou seja, 11 pontos. Ao somarmos os valores
dos 11 pontos, teremos uma soma que dividida pelo número de pontos nos dará a
média das velocidades. Ao dividirmos esse valor, agora chamado de velocidade
média, pela velocidade central, anula-se a unidade (m/s), restando apenas um
número adimensional que é o FV (Fator de Correção da Velocidade). O valor do
FV, dessa forma determinado, passa a ser o mais importante agente de correção
da velocidade pitométrica medida em uma tubulação. A responsabilidade do técnico
ou engenheiro é levantar e formatar o perfil de velocidade no ponto da medição
de vazão, com o máximo de exatidão possível. Quanto mais pontos medidos forem
levantados, melhor será o delineamento e contorno do perfil. É muito importante
na hora do trabalho de levantamento do perfil de velocidade, observar que a
vazão não esteja variando. Sabemos que o FV calculado a partir do perfil
levantado, servirá para aquele ponto como um padrão para os próximos 18 ou 24
meses à frente até sua nova verificação ou confirmação. Portanto, quando houver
variações na vazão, durante o levantamento do perfil, o trabalho deve ser
abortado. Novo horário, ou possivelmente dia, deverá ser escolhido para tal.
Uma
observação importante para os profissionais de Pitometria que sensatamente
assumem e defendem que se deve retirar do cálculo da velocidade média o Ponto
Central, pois ali se tem a máxima velocidade, porém, a vazão naquele ponto é
zero pela condição estabelecida no cálculo da vazão com os círculos
concêntricos de mesma área. Essa tese foi postulada pela Pitometer no seu data
book, editado em Nova York no ano de 4/10/ 1922. Essa metáfora, sim verdadeira
para a vazão no ponto central. Por outro lado, como estamos lidando com
velocidade e buscando seu valor médio, nada mais claro e compreensivo que
incluir o valor da velocidade central na extração de sua média.
Nas
investigações práticas de laboratório e de campo, temos verificado que a vazão
medida com a Pitometria quando se usa o valor médio e o FV com os cálculos aqui
apresentados, os resultados da vazão medida, são bem mais próximos do Padrão Macro
instalado do que aqueles com o FV
planilhado nos moldes tradicionais antigo da Pitometer.
Quando falamos de mais pontos
para a obtenção do perfil, da média e do próprio FV, falamos de trinta,
quarenta, cinqüenta, ou mais pontos. Este procedimento particular de obtenção
automática de registro de muitos pontos, só se conseguirá por meio do programa
MDHidro 2.30 com as maletas LAMON. O processo de registro e levantamento do
perfil da vazão é exato.
LEVANTAMENTO DO PERFIL
Considerando
que os equipamentos já estão instalados na estação pitométrica, programa-se o
registrador eletrônico para coletar medições a cada segundo, por exemplo. Esse
tempo de registro deve ser rápido e suficiente para que o levantamento do
perfil possa ser também rápido e com muitos pontos.
Ao
provocar o curto-circuito nos bornes externos da maleta durante a preparação
inicial de posicionamento do tubo de Pitot, assim como, as preparações
subseqüentes, estarão garantindo nível de sinal zero na entrada do registrador
eletrônico (data-logger) interno, ou externo.
Posiciona-se o tubo de Pitot no ponto inferior da tubulação (ponto
zero). Libera-se o curto circuito do registrador para o início das aquisições.
Deixa-se o registrador armazenar quantos registros se deseja, por exemplo, 15
registros, ou seja, 15 segundos. Curto circuita-se o registrador por meio dos
bornes externos da maleta para interromper as aquisições. Recoloca-se o tubo de
Pitot no ponto seguinte (ponto 1). Após fixar o tubo Pitot nessa nova posição,
libera-se o curto-circuito. Daí, começaremos a registrar por mais 15 segundos
os valores da velocidade de nossa segunda medição, equivalente ao ponto número
1. Assim sucessivamente, até atingirmos o décimo ponto, o que eqüivalerá a 11
registros. O tempo de duração dos registros para os 11 pontos corresponde a 2,7
minutos para as 165 medições.
Com este
procedimento, obteremos um gráfico, automaticamente, com um perfil equivalente
a figura 4. Observe que na figura 4, temos patamares de registros crescentes
até o patamar 5 e decrescente até o patamar 10. Por si só, o gráfico já nos
apresenta o perfil da velocidade.
CÁLCULO DO FV
Com os
respectivos dados levantados e já transportados para o programa MDHidro 2.30,
residente no microcomputador, podemos ampliar e visualizar cada patamar, se assim
desejarmos.
Com o mouse marcamos, um a um,
os pontos médios dos patamares, incluindo o patamar central. Vá até a célula de
cálculo do FV, transporte para lá, os pontos marcados previamente. Informe ao
programa o valor do ponto central. Peça em seguida ao programa que calcule o FV
e, pronto! O FV será calculado e,
exibido na tela. Todavia, se quisermos obter um FV mais trabalhado, a partir de
uma curva com mais representatividade e número de pontos da ordem de quarenta
ou mais pontos, retornamos a figura 6, exibida na tela do microcomputador,
apagamos todos os pontos zero da figura ou perfil, aqueles equivalentes ao
curto circuito entre as medições. Automaticamente, todos os patamares irão se
unir, delineando uma nova figura contínua, que será exatamente o perfil de
velocidade do ponto de medição, porem, agora com uma quantidade de pontos muito
grande. Ainda na figura 6, vá com o mouse no início do perfil ou curva, marque
o ponto inicial, aperte o botão “shift”, continue com ele apertado, desça até o
último ponto ou final do perfil, marque-o com o mouse e solte o “shift”. Toda a
curva ou perfil será marcado de maneira fácil e rápida. Vá até a célula de
cálculo do FV, clique nela e todos os pontos marcados irão se transferir para
lá. Informe para a célula o valor médio do patamar número 5. Peça ao programa
que calcule e, pronto! O FV será calculado e exibido. O valor do FV, assim que
encontrado, será ligeiramente diferente daquele calculado com dez pontos,
provavelmente, a diferença estará em milésimos, que em alguns casos pode ser
significante.
Obs. O levantamento do FV
mencionado acima faz parte do procedimento anterior das maletas
mais antigas com seu respectivo aplicativo introduzido no
ano de 2004. Hoje o sistema de levantamento e cálculo esta todo automatizado
dentro do firmware da própria maleta o que lhe confere mais rapidez,
confiabilidade e exatidão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A.
O FV é uma das identidades de ponto ou da estação
pitométrica. Seu valor, na prática, é dito não alterar com a variação da velocidade. Todavia, o
intervalo de variação estudado no passado era pequeno, faixa de variação de
3:1. Sendo a variação da velocidade bem maior que 3:1, o FV varia levemente, o
que pode comprometer a real exatidão da medição. Com o passar do tempo, devido
às deformações internas nas paredes da tubulação, por incrustações, principalmente aquelas que
acontecem de forma irregular, nesse caso o FV altera. Desta forma, é oportuno
que aproximadamente a cada 18 meses, refaça-se o cálculo do FV naquela estação
pitométrica onde seu valor foi determinado no passado reajustando-o para a nova
realidade caso necessário.
B.
As medições pitométricas a despeito do que alguns
técnicos ou mesmo entidades de classe propalam, afirmando por aí que a
pitometria não pode ser aplicada para medições em tubulações abaixo de 300 mm, é pura falta de
informação prática. Acreditamos que as medições podem e devem ser realizadas em
tubulações com até 50mm. Ademais, já realizamos em laboratório, medições de
vazão em tubulações com até 75
mm, onde medimos vazões, baixa, média e alta, sem nenhum
problema de ordem prática, com resultados excelentes em comparação com o padrão
em série ali instalado. Estamos preparando um tubo de 50 mm e aguardando a
oportunidade para o teste limite nesse diâmetro. Quando nos referimos a 50
milímetros, como diâmetro limite, é pelo fato da dificuldade externa na
preparação do tap, para a introdução do tubo de Pitot Cole normal. Sob o ponto
de vista da influência e perturbação no perfil de velocidade, quando da
introdução do tubo de Pitot Cole em tubo de pequeno diâmetro, é óbvio. Todavia,
devemos ter todo o cuidado e domínio no conhecimento do perfil ali estabelecido
e sua devida correção.
C.
Em local com pontos de medição, ou estação pitométrica
mal localizada, isto é, muito próxima de válvulas de retenção, reguladoras,
joelhos; derivação, redução de diâmetro, curvatura de linha, válvula de
bloqueio, etc, podem ser trabalhados em forma de medição de vazão, desde que se
levante no instante da medição o FV do local.
D.
Para se obter uma melhoria na incerteza do cálculo do
FV, nos casos onde há possíveis deformações na tubulação ou mesmo em casos de
uma má localização do ponto pitométrico, por dificuldade do local, como já foi
mencionado no item “C”, recomenda-se levantar o perfil de velocidade no eixo
vertical e no eixo horizontal da tubulação. Este procedimento quando possível
melhora o grau da incerteza ou a confiabilidade do FV determinado.
E.
A constante de descarga do tubo de Pitot Cole é 0,865,
para uma velocidade fluídica ao redor de 2 m/s. Todavia essa velocidade varia
para cima até 3 m/s e para baixo até 1 m/s. Nessa faixa de variação estaremos
com uma rangeabilidade na razão de 3 para 1. Nessa condição, a constante de
descarga do tubo de Pitot Cole, varia introduzindo um erro de aproximadamente
2,8% de extremo a extremo e, mais ou menos 1,4% em relação ao meio da faixa que
é de 2m/s. Valor esse de erro aceitável pelas empresas de saneamento. Quanto
mais se variar essa velocidade, mais erro é adicionado no resultado da medição.
O gráfico abaixo mostra essa informação do erro para variação da velocidade na
razão de 35 para 1, ou seja, variação de 3,5 m/s até 0,1 m/s. Os dois limites
podem ser facilmente alcançados em rede de distribuição de água potável. Assim
sendo, se o fator de descarga
do tubo de Pitot Cole, não for devidamente corrigido, o
erro na medição pode chegar aos extremos em até 8% ou mais.
Dentro desta preocupação, a LAMON
desenvolveu uma correção automática dentro de seu programa de computador, que
quando ele recebe as informações do data-logger, o programa corrigirá o fator
de descarga Kpc do tubo de Pitot Cole, por meio do fator de correção Lamon (FCL).
No gráfico, podemos observar
que a curva “B” é linear e paralela desde 0,1 m/s até 3,5 m/s. Teoricamente não
haveria mais erro, pois, dentro dessa nova rangeabilidade de 35 para 1
estaríamos sempre trabalhando com o valor 0,865, que, nesse caso, é o “default”
do sistema pitométrico fixado pela correção dinâmica.
O sistema de correção hoje
empregado está em forma de tabelamento. Futuramente, iremos operar com a
equação de formato; Fcl=0,001x4-0,011x³+0,036x²-0,064x+1,050
que é a equação muito próxima do valor real da constante de descarga do tubo de
Pitot Cole com a velocidade. Com o uso dessa equação de correção, o tabelamento
seria desnecessário, aumentaríamos a eficiência da correção, bem como não
teríamos mais os pequenos saltos de ajuste impostos nas correções antes
efetuadas pelo tabelamento no intervalo
de 3,5 m/s até 0,1 m/s.
Atualmente, com a nova Maleta
Lamon, além de a equação estar dentro do programa MDHidro 3.60 ela esta também
dentro do Firmware da Maleta, podendo ser executável ou não, (auto/manual), a
critério do operador.
Artigo desenvolvido
pelo Eng. Geraldo Lamon
Belo Horizonte,
maio/2004
Revisado e editado dez/2012
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